Imagine que você está com uma infecção e procura seu médico que lhe prescreve uma pílula contendo farinha e diz que é um antibiótico potente. E você toma pensando que é um antibiótico potente. E você se cura da infecção! E somente depois que você se curou é que você fica sabendo que tomou pílulas de farinha em vez do antibiótico! O que afinal, curou a sua infecção? A farinha era mágica e o médico não sabia? Ou o fato de você acreditar que estava tomando um remédio “de verdade” desencadeou reações imunológicas de cura em seu organismo? Não, não diga que isto é impossível, nem fique confuso nem perdido, saiba que isto que lhe pedi para imaginar já aconteceu e acontece com outras pessoas no mundo todo, inclusive em contextos de experiências científicas controladas. E os médicos sabem disso, e a indústria farmacêutica também.
Analisemos esta questão. Recentemente, nos Estados Unidos, o médico cardiologista Robert Jarvik fez um comercial tecendo elogios ao medicamento Lípitor, usado como auxiliar à dieta em pacientes com problemas de colesterol elevado. Estudos comparativos discordam do famoso cardiologista: a taxa de mortalidade por infarto de miocárdio no grupo de pacientes que tomaram o medicamento foi de 2%, contra 3% no grupo daqueles que tomaram placebo – pílulas de farinha (uma diferença não significativa). Esta informação foi tirada da Revista Veja de 20 de fevereiro de 2008, edição 2048. A mesma edição mostra um quadro com o título de “Os medicamentos e a sua eficácia” que mostra a relação custo-benefício de alguns medicamentos segundo o índice NNT (Number Needed to Treat, em inglês) Este quadro nos mostra que a eficácia de um antibiótico para tratar uma otite média tem um NNT de 7, que significa que de 7 pessoas tratadas, apenas uma se cura da infecção graças ao remédio. Transformando este índice em percentagem, por regra de três simples, obtemos o percentual de 14,28%, que nos mostra que de 100 pessoas tratadas, apenas 14 se curam graças ao remédio. Convenhamos que é um índice baixo.
Se pegarmos o NNT da vacina para a gripe, que é de 23, fazendo a mesma conversão vemos que a eficácia é de 4,34%, ou seja, de 100 pessoas que tomarem a vacina, apenas 4, já que não se pode fracionar as pessoas, não pegarão gripe graças à vacina.
Já a meta de redução do colesterol ruim (LDL) para o patamar de 100, com o uso de estatinas, tem o NNT de 28, que percentualmente nos dá a eficácia de 3,57%. Isto é, de 100 pessoas que forem tratadas com estatinas com a meta mencionada, apenas 3 não morrerão ou infartarão graças ao remédio. Se a meta for baixar o colesterol para o patamar de 80 em vez de 100, a eficácia cai para 1,4%, o que significa que de 100 pessoas tratadas apenas uma receberá o benefício de não morrer ou não infartar graças ao medicamento. Se o índice de 14% acima já pode ser considerado baixo, que dizer de 3,57% ou 1,4%?
Recentemente foi publicado no Reino Unido um trabalho conduzido por Irving Kirsch que questionou a eficácia dos anti-depressivos nas depressões moderada e severa, sugerindo que nestes casos a eficácia destes medicamentos não era clinicamente significante em relação ao placebo. O Dr. Miguel Roberto Jorge, da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, em entrevista ao Portal Unimed em 12.03.2008 manifestou-se a respeito, fazendo entre outras considerações, a de que tal estudo contradiz a prática clínica onde se obtém uma melhora de 60 a 80%.
Estes dados e a controvérsia que causam trazem necessariamente à tona a questão do placebo. Você sabe o que é um placebo? É um remédio que não é remédio. Na hipotética situação acima, quando você tomou pílulas de farinha pensando que estava tomando um antibiótico potente, você estava tomando um placebo. Mas..., se placebo é um remédio que não é remédio, como é que cura? Colocando de outra forma, se o placebo (a farinha) e o remédio (o antibiótico) curam, qual a diferença, afinal, entre um placebo e um remédio? Não, não estou tentando lhe confundir. Estou tentando fazer você perceber que a diferença entre a farinha e o antibiótico, que é real, para que seja real também para seu sistema imunológico, é preciso que você saiba, que você tenha esta informação registrada no seu cérebro. Se você tiver a informação registrada no seu cérebro ela será real também para o seu sistema imunológico, e se não tiver, ela não será real para o seu sistema imunológico. É simples, mas é importantíssimo. Saber é ter o conhecimento, é ter a informação registrada em seu cérebro, e ter o conhecimento faz toda a diferença! Opa! Estou falando em saber, em conhecer, em ter informações, estou falando então, em... educação! Opa! de novo, estou entrando em terreno alheio ... ou não estou? Não, não estou, lembre-se de que este Portal tem objetivos informativos e educacionais a respeito de desenvelhecimento, lembre-se também da matéria “Alimentos do Homem” quando coloquei a crença como um dos alimentos humanos. Crer é pensar: creio em Deus, logo, penso que Deus existe. Logo, tenho esta informação registrada em meu cérebro, portanto, para o meu sistema imunológico Deus é real, logo, se eu fizer uma oração para melhorar minha saúde, meu sistema imunológico responderá! Percebe aonde estou querendo chegar? Penso, logo existo ... quem disse isto? Se penso, existo. O pensar criando a existência. Pensar é acreditar, é ter conhecimento, é ter a informação registrada! Ora, quando você tomou a farinha você também ingeriu outro alimento, a crença (ou a informação) de que ela era um antibiótico potente. Isto é, farinha + a informação de ser farinha = farinha. Farinha + a informação de ser antibiótico = antibiótico. Antibiótico é apenas um conceito, um conceito que vira, com a informação, realidade fisiológica celular molecular!
E se você tivesse depressão e tomasse farinha pensando que era anti-depressivo? Janis Schonfeld, da Califórnia, tomou pílulas de açúcar pensando que estava tomando Venlafaxina e melhorou de uma depressão que a incomodava há 30 anos. Ela participou de um teste clínico e depois do tratamento com o remédio que não era remédio (pílulas de açúcar, placebo) seus exames mostraram aumento na atividade de seu córtex pré-frontal, e ela também sentiu náuseas durante o tratamento (ela tinha a informação de que a Venlafaxina poderia causar náuseas e acreditava estar tomando Venlafaxina). É o mesmo caso da farinha. Açúcar + informação de ser açúcar = açúcar. Açúcar + informação de ser venlafaxina = venlafaxina. Extraí este caso do livro de Bruce H. Lipton, “A biologia da crença”, publicado nos Estados Unidos em 2005 e aqui no Brasil em 2007 pela Butterfly Editora, de São Paulo, página 168.
Coloquemos agora em destaque os dados acima, para efeitos comparativos e melhor compreensão:
- Eficácia do antibiótico para tratar a otite média: 14,28% (segundo a revista Veja)
- Eficácia da vacina para a gripe: 4,34% (segundo a revista Veja)
- Eficácia das estatinas para a redução do LDL para o patamar de 100: 3,57% (segundo a revista Veja)
- Eficácia (entendendo a melhora referida no texto como eficácia) dos anti-depressivos em geral: 60 a 80% (segundo o Dr. Miguel Roberto Jorge)
Como minha prática é psiquiátrica tenho condições de comentar apenas a eficácia dos anti-depressivos, e concordo com o Dr. Miguel Jorge, é realmente o índice que podemos encontrar em nossa prática clínica. Quanto aos antibióticos, vacinas para gripe e estatinas, embora não tendo a prática clínica de prescrição destes medicamentos, acredito que quem as têm as conteste e diga que a prática clínica mostra números superiores, como no caso dos anti-depressivos. Ora, se os resultados clínicos de consultório fossem aqueles referidos pela Veja simplesmente os medicamentos já teriam sido tirados de circulação! O que está errado então? Ou não há nada errado? Ou há coisas mal compreendidas e mal colocadas? Ou há coisas nem sequer colocadas?
Estudos diversos da literatura já mostraram que o efeito placebo também está presente com eficácia em diversas outras doenças, mas isso já não é segredo, nem no meio médico nem fora dele. Do próprio Lipton extraí este outro exemplo, que é muito mais contundente: trata-se de um estudo conduzido numa Escola de Medicina e publicado em 2002 no New England Journal of Medicine, feito por Bruce Moseley e colaboradores. Moseley, como bom cirurgião que era, sabia que “não há efeito placebo em cirurgias”, mas como bom cientista que também era, queria saber qual parte da cirurgia era a que respondia por mais alívio aos pacientes. Dividiu os pacientes em três grupos e em dois dos grupos fez as cirurgias com técnicas consideradas padrão para tratamento de problemas nos joelhos decorrentes de artrite. No terceiro grupo apenas simulou uma cirurgia: com os pacientes sedados fez incisões em seus joelhos e fingiu estar operando, e depois do tempo normal destas cirurgias somente deu os pontos nas incisões. O programa pós cirúrgico de exercícios foi igual para os três grupos. Os resultados foram os mesmos para os três grupos. Os pacientes do grupo da simulação só ficaram sabendo do ocorrido 2 anos depois. Moseley declarou: “Minhas habilidades de cirurgião não resultaram benefício algum para esses pacientes. O único efeito em todas elas foi o placebo”. Temos aqui o mesmo caso da farinha:
- cirurgia real + informação de cirurgia real = resultado esperado = melhora funcional dos joelhos;
- cirurgia falsa + informação de cirurgia real = resultado esperado = melhora funcional dos joelhos
Não, não se surpreenda com estas informações, afinal você está diante do inimigo mor da medicina e da indústria farmacêutica. Por que inimigo da medicina? Não devia ser seu aliado? Na verdade o efeito placebo é um aliado da medicina, e um aliado importante, mesmo que seja muitas vezes à revelia da vontade médica, pois é um fato que existe e está aí, e os fatos não têm o hábito de se importarem com o que se pensa deles nem de serem tendenciosos em favor de algo ou de alguém. Eles simplesmente existem. Mas incomodam àqueles que prefeririam que os fatos fossem diferentes! Mas, de novo, por quê inimigo da medicina? Porque é um fantasma que paira teimosamente sobre a medicina, lembrando diurturnamente que ela desviou-se de seus caminhos originais. E quais eram seus caminhos originais? Ela própria admite e se orgulha: Hipócrates, o pai oficial da medicina. Lembrando: Hipócrates dizia que forças curativas inerentes aos organismos vivos é que agiam no sentido da cura, que o papel do médico era o de auxiliar os pacientes a ativarem estas forças potenciais de cura (a informação ativa as forças curativas e altera o resultado esperado). Hipócrates também dizia: que o teu alimento seja o teu remédio! Vejamos em conjunto todos os equacionamentos que fizemos acima, em todos havia um resultado que era esperado, ou um efeito, que vou agora acrescentar:
- farinha + informação de ser farinha = resultado esperado (efeito de farinha)
- farinha + informação de ser antibiótico = resultado esperado (efeito de antibiótico)
- açúcar + informação de ser açúcar = resultado esperado (efeito de açúcar)
- açúcar + informação de ser anti-depressivo = resultado esperado (efeito de anti-depressivo)
- cirurgia real + informação de cirurgia real = resultado esperado (melhora funcional dos joelhos)
- cirurgia falsa + informação de cirurgia real = resultado esperado (melhora funcional dos joelhos)
Neste raciocínio estou usando o modelo matemático da equação A + B = C, que chamo de raciocínio equacional relacional. O que temos de comum em todas as 6 equações que desenvolvi? É só olhar: a informação e o resultado esperado! Isto é, o elemento C das equações (resultado esperado) é conseqüência direta do elemento B (a informação). Em todas as equações o resultado esperado segue a informação que é passada. Pergunto a você: se lhe dessem a informação correta do resultado esperado, preferiria passar por uma cirurgia cardíaca de verdade ou falsa? Antes de pensar que estou exagerando saiba que há 50 anos o cardiologista Leonard Cobb de Seattle, fez a mesma experiência que o Dr. Bruce Moseley, com a diferença de que se tratava neste caso, de cirurgia cardíaca (ligação mamária interna), e as “cirurgias placebo” foram tão bem sucedidas quanto as “de verdade”. Aqui também, a informação passada produziu o resultado esperado, independente de a cirurgia ter sido real ou falsa. (http://skepdic.com/brazil/placebo.html). Lembremos Hipócrates: que o teu alimento seja o teu remédio. Que o teu alimento seja a crença, que o teu alimento seja a informação. Claro, que a informação seja CORRETA, isto é, direcionada para o resultado esperado!
Coloquei acima que a medicina se desviou de seus caminhos originais Hipocráticos. Qual é então o caminho atual da medicina? É o caminho que prioriza o elemento A da equação, o antibiótico, o anti-depressivo ou a cirurgia (ou o antitérmico, o anti-inflamatório, o anti-neoplásico ou o anti-o-que-você-quiser) isto é, o procedimento médico por si mesmo, e não o elemento B, o ALIMENTO que adicionado ao elemento A é DETERMINANTE do resultado! Este caminho foi criado por Galeno, que viveu cerca de 600 anos depois de Hipócrates. Galeno é o pai verdadeiro da medicina moderna, não Hipócrates. Mas a medicina continua fazendo o juramento de Hipócrates! E quanto à indústria farmacêutica? Bem, esta produz e comercializa remédios “de verdade” e precisa provar que eles são “de verdade”, e precisa de uma medicina galênica que os prescreva, e também de uma sociedade que acredite que o que realmente funciona são remédios "de verdade"; mas isto fica para outra matéria.
E o que tem isso tudo a ver com o desenvelhecimento? Relembre de “Alimentos do Homem”, do alimento Crença. De que depende a crença? Depende da informação que você escolher como relevante para você. Assim, se você escolhe a informação bíblica você acredita em Deus. Se você escolhe a informação científica astronômica você acredita no Big Bang. Se você escolhe a informação científica biológica legada por Darwin você terá a crença na evolução. E assim por diante. Escolha a informação necessária para que você possa desenvelhecer. Rejeite a informação de que o envelhecimento é um processo biológico irreversível e inevitável que transcorre na coordenada temporal. Basta ler as matérias que já coloquei neste Portal para saber que esta informação é falsa. Vou montar uma pequena equação do envelhecimento tal como é passado hoje, cuja visualização facilita a compreensão:
Organismo vivo + Informação (envelhecimento é normal e irreversível) + Tempo = Envelhecimento
Proponho para você esta outra equação:
Organismo vivo + Informação (envelhecimento é REVERSÍVEL) + Tempo = DESENVELHECIMENTO
E se você ainda não envelheceu, tem esta outra:
Organismo vivo + Informação (envelhecimento é EVITÁVEL) + Tempo = Não envelhecimento
Nos termos “Organismo vivo” e “Tempo” você não pode mexer. Mas na informação você pode. Substitua as informações incorretas (envelhecimento é normal e irreversível) pelas corretas (envelhecimento é evitável e reversível). Corrija as informações e mudará os resultados esperados. Conclusão: corrigir uma equação mal montada pode ser um REMÉDIO muito eficaz! Claro, um remédio Hipocratiano e não Galênico.
Autor: Leocádio Celso Gonçalves
Fonte: http://www.mandras.com.br