Imagine que você procura seu médico devido a uma infecção. Um inesperado qualquer se atravessa no seu caminho e você não é atendido por ele. O profissional disponível que lhe atende não inspira confiança. Este médico ainda por cima, você está sem sorte, se mostra apressado, impaciente e rude e até lhe parece pouco competente. Pois bem, ele lhe prescreve um remédio, diz que é um antibiótico potente e lhe dispensa rapidamente porque seu celular está tocando. Você vai embora insatisfeito. Não se sentiu bem atendido, mas toma o remédio. Afinal, procurar outro médico iria lhe dar trabalho extra, e vai que o outro prescreve o mesmo remédio ... e você pondera que afinal, o cara era médico e devia saber o que estava fazendo ... e toma o remédio pensando que era um antibiótico potente, como lhe foi dito. Mas sua infecção não é curada, e aí não tem jeito, você tem que perder mais tempo para procurar outro médico, ser atendido de novo, comprar remédio de novo, ouvir seu bolso chiar de novo, tomar de novo, seu estômago também chia de novo, mas aí você, finalmente, aliviado, fica curado de sua infecção. Ufa! Mas você se consola fácil fácil só de pensar: se dependesse do SUS seria pior.
Mais tarde você fica sabendo que o remédio passado pelo primeiro médico era na verdade pílula de farinha. Pronto! Está explicado! Por isso que você não se curou, imagine, pílulas de farinha em vez de antibiótico, o cara te sacaneou! Calma, você pode estar, por um viés (distorção) de visão, vendo a culpa onde ela não está. Lembra-se de “Remédios funcionam?” onde você também tomou pílula de farinha e ficou curado? Relembrando a equação:
Farinha + informação de ser antibiótico = resultado esperado (efeito de antibiótico, em “Remédios funcionam?”). Você ficou curado.
Veja agora como ficou:
Farinha + informação de ser antibiótico = ausência de resultado esperado (efeito de farinha). Você não ficou curado.
Mas os dois componentes do primeiro termo das equações não são iguais? Não deveria portanto dar o mesmo resultado? Por quê não deu? A matemática falhou? Ora, matemática não falha ...
Claro que já deve estar evidente para você que o diferencial, agora bem destacado negativamente, foi a forma como você foi atendido e medicado. Você não confiou no médico, na sua prescrição. Tomou o remédio querendo, é claro, que funcionasse. Mas no fundo você “não digeriu” o médico, ou o atendimento, ou aquilo que acabou sendo o depositário final de todos estes sentimentos, a saber: o remédio! Isso introduz um elemento novo no cenário da nossa compreensão, isto é, a forma como você é atendido, se com carinho ou rudeza, se com compreensão ou intolerância, se apressadamente ou com calma, enfim, se bem atendido ou não. Mas, detalhe importante: se você é bem atendido não apenas tecnicamente, isto é, não basta ao médico ter o conhecimento, é necessário também usá-lo com inteligência; e se possível, com sabedoria. Sim, pois na hora de implantá-lo (o conhecimento, a informação) de forma efetiva no seu sistema informacional cerebral isso é decisivo. Simplificando: você tem que ser bem atendido também no sentido humano do termo. Veja bem, não estou falando de atendimento elitizado mas de atendimento humanizado, o contrário de massificado onde você se torna, em vez de um sujeito, um mero número de pesquisa para ser utilizado na propaganda política, quando precisarem do seu voto.
Em “Remédios funcionam?” montei algumas equações com o modelo básico de A + B = C, onde o elemento B consistia na informação que era passada juntamente com o elemento A. A informação, o elemento B, que foi o elemento determinante do resultado esperado naquelas equações, uma vez elaborada cognitivamente pelo seu aparelho mental e passando a se integrar, através das moléculas transportadoras de informações (neurotransmissores) a seus circuitos cerebrais neuronais, passa a se constituir numa crença, que como já vimos alimentará seu sistema imunológico, e claro que este, se bem alimentado funcionará bem, se mal alimentado, funcionará mal ou não funcionará. E o sistema imunológico, uma vez com a informação correta e adequadamente implantada, responde de acordo com o direcionamento dado pela informação. E a resposta se traduz em eficácia que significa a ativação de suas forças internas de cura (naturais, lembre de Hipócrates).
Pois bem, deve estar claro que a forma como você é atendido se torna um complemento que é adicionado à informação; necessário para que ela funcione. Lembra-se da mulher que tomou pílulas de açúcar pensando que era anti-depressivo? Acha que ela teria melhorado se desconfiasse que estava tomando pílulas de açúcar? Lembre-se do texto anterior onde vimos que a informação deve ter uma qualidade, ou seja, ser concordante com o resultado esperado. Estamos vendo agora que ela precisa também de um complemento para bem funcionar, seria análogo a uma enzima necessária para que ocorra uma reação, na linguagem química, um catalisador. Como fica então nossa equação A + B = C?
Percebemos que o elemento B precisa ser qualificado e complementado, logo, não é um elemento simples. Podemos chamá-lo de elemento composto, ou seja, o elemento B é na realidade formado pela informação propriamente dita, pela harmonização ou concordância com o resultado esperado e pelo complemento responsável pela eficácia de seu implante em seu cérebro. Estas etapas cumpridas o elemento B torna-se o alimento crença que mobilizará seu sistema imunológico desencadeando o processo de cura. Colocando esquematicamente:
B = informação = elemento composto pelos elementos D, E e F, onde:
D = informação propriamente dita
E = harmonização ou concordância com o resultado esperado (ou desejado)
F = complemento responsável pela eficácia do implante no cérebro do receptor (você)
Tendo a equação original A + B = C
Sendo B = D + E + F, substituindo na equação original, esta toma a seguinte forma:
A + (D + E + F) = C
A matemática básica nos ensina que podemos tirar os parênteses, fica então:
A + D + E + F = C
Com a compreensão tendo chegado até aqui, como podemos continuar? Ora, num mundo onde tudo pode se traduzir em números, onde você recebe uma nota no colégio ou na faculdade, ou na empresa onde trabalha, ou numa avaliação num concurso, seu filho na escola ou na faculdade, os calouros na TV, etc., por que não também darmos nota aos elementos D, E e F? Tomemos por exemplo o elemento D, a informação propriamente dita, esta terá sempre o valor 10, um valor fixo. Já o elemento E, sendo concordante com o resultado esperado, terá valor 10, se discordante terá valor zero, se apenas parcialmente concordante poderá ter um valor que irá variar de 1 a 9. O elemento F também terá valor variável, dependendo da eficácia do complemento. Veja bem, não são os valores aqui apresentados que importam, é o raciocínio e a compreensão que quero implantar no seu cérebro, isso é o que realmente importa. A atribuição de valores aos elementos de uma equação é uma etapa avançada de um processo científico, e estamos aqui no beaba, na etapa básica de um processo compreensivo inicial, que ainda pode ir bastante longe.
Mas avancemos só um pouquinho mais: tendo atribuído à informação, ao elemento D, um valor fixo de 10, verificamos que, neste caso em que você não ficou curado, ele foi na prática anulado, zerado. Quais são as operações matemáticas capazes de zerar um número qualquer? A subtração (10 menos 10 é igual a zero), ou a multiplicação (10 multiplicado por zero é igual a zero). Claro que não vou continuar este desenvolvimento, só quero que você alimente sua crença com Informações Compreensivas, pois isto torna sua crença forte, portanto mais eficaz.
Continuemos. Colocando de outra forma: o elemento A pode ser um antibiótico ou um anti-depressivo ou qualquer outro anti, se quisermos garantir sua eficácia temos que trabalhar no elemento B, que se constitui, por assim dizer, no tempero certo que garante o sabor desejado do resultado esperado. Podemos chamar o processo todo embutido no elemento B (informacional) da equação básica, de qualidade do atendimento, que responde pela humanização do mesmo, que corresponde àquilo que a classe médica diz que é muito importante e que chama, muito apropriadamente, de “relação médico-paciente”, mas que até hoje não conseguiu conceitualizar e expressar de uma forma clara e inconteste (científica) a ponto de sensibilizar e convencer os responsáveis pela política do atendimento à saúde, que estão sensibilizados por interesses de outra ordem que focalizam intensamente o elemento A da equação!
Veja bem, não estou radicalizando e dizendo que o elemento A não é importante ou necessário. Por favor, não vá sair parando com remédios que toma e depois me processar pelos resultados!! No momento presente, com a atual formatação da sociedade e dos serviços que disponibiliza, é importante, sem dúvida. Ainda precisamos dele, embora ele seja carente de um estudo compreensivo aprofundado que poderá ter reflexos positivos no elemento C (resultado esperado). Enfocarei o elemento A oportunamente. O que quero que você compreenda é que nosso atual modelo de atendimento médico focaliza e enfatiza de forma quase exclusiva o elemento A. E isso, esta quase exclusividade, é o que está errado e precisa ser mudado, e não gratuitamente. Há um bom motivo para isso: é só ver como andam os custos da saúde. Para isso, basta olhar a Veja de 14.05.08, é matéria de capa! Pois é, você deve saber, sendo bem informado, que a incidência das doenças que mais matam, e também das que menos matam, está aumentando de forma alarmante. Aumentar mais que elas, só o conseguem os custos de assistência à saúde e a voracidade financeira e até vampiresca de governos cujos olhos, por vieses políticos originais, são cegos para as pessoas; em vez delas, sempre enxergam votos. Você não é um cidadão. Você é, para o governo, além de um produtor de riqueza – de preferência para ele –, um voto ambulante. Mas precisa acreditar que é um cidadão, e a mídia, especialista no repasse de informações, se encarrega muito bem disso! Mas este não é meu tema, o remédio da conscientização política genuína é mais, talvez bem mais amargo do que podemos imaginar.
O que você não pode perder de vista, jamais, é que o elemento C da equação, o resultado esperado, é a sua saúde e bem estar, e por extensão, da sua família (constituída ou a constituir), amigos e vizinhos, enfim, da população em geral. Como anda a saúde da população do mundo ocidental? Já vimos acima, está deteriorando, as doenças aumentando. Apesar dos progressos tecnológicos. Veja bem: os custos são para você, para seu plano de saúde, para o governo, PARA TODOS! Desculpe, todos menos os que ganham com os extratosféricos custos da saúde. Quem são estes aproveitadores? Com certeza não são os médicos, bodes expiatórios preferenciais do governo, pois eles são tão vítimas quanto você: basta olhar os resultados de estudo recente publicado pelo Conselho Federal de Medicina que mostra a alta incidência de doenças na classe médica, algumas (distúrbios de ansiedade, depressão e estresse, por exemplo) incidindo até mais do que na população geral. Surpreso? Pois é, os médicos, ironicamente, parece que adoecem até mais que a população que atendem, mas isso também é outro tema.
Podemos então, agora, com as compreensões que alcançamos, capturar o placebo e enquadrá-lo numa equação básica que poderá (e deverá) ser desenvolvida e aprimorada no futuro.
Placebo = elemento B. Em vez de elemento B vamos chamar simplesmente de placebo, temos então:
Façamos agora outra operação de matemática básica chamada simplificação: simplifiquemos os equacionamentos intermediários acima, pegue apenas o início (PLACEBO) e o fim (SAÚDE). Ora, se todos os elementos intermediários da série acima se equacionam entre si, esta operação matemática é válida, se não for que os matemáticos me corrijam. Temos então o seguinte resultado final:
PLACEBO = SAÚDE
Não, não pense que exagerei. Lembre que placebo se equacionou com crença, lembre que crença é um alimento, lembre que seu cérebro se alimenta com informações (além de glicose), pense que um cérebro bem alimentado tem que funcionar bem, lembre que o cérebro é o regente da orquestra que é o seu corpo, lembre que há toda uma literatura há décadas louvando o poder do pensamento positivo.... Opa! Opa! Pensamento positivo? Isso mesmo! Você acha que estou fazendo o quê senão vestindo o famoso e célebre pensamento positivo com as vestes da abordagem científica compreensiva? Claro, no aspecto restrito associado à saúde. E o que tem isso a ver com o desenvelhecimento? Ora, é só completar a equação: saúde não é, como regra, equacionável com juventude? Desenvelhecer não significa anular o envelhecimento e portanto recuperar a juventude? Já percebeu aonde quero chegar? É fácil:
PLACEBO = SAÚDE = JUVENTUDE
PLACEBO, não esqueça, significa INFORMAÇÃO adequada corretamente implantada em seu sistema informacional sináptico neuronal. Informação corretamente processada-implantada produz o alimento crença. Dá pra entender? Só para reforçar: placebo em sua etimologia significa prazeiroso, agradável ... não é agradável ter saúde? Está na hora do efeito placebo deixar de ser “um dos grandes enigmas da ciência” (Revista Planeta, última edição, junho deste ano).
Claro que apresentei aqui uma visão simplificada, porém compreensiva, de algo que é muito complexo. Mas nada melhor para compreender o complexo do que começar pelo simples! Ou você não aprendeu primeiro a somar para depois dividir e multiplicar, primeiro a falar e depois a escrever, primeiro as letras para depois as frases e assim por diante? Imagine, só para finalizar, o dia em que a medicina estiver usando de forma adequada o poder do pensamento positivo, (opa!) digo da crença, (opa! de novo), digo das informações que produzem conhecimento! Não! Volte! Melhor, imagine o dia em que você estiver no comando deste admirável computador biológico que é o seu cérebro! Neste dia não será mais necessário uma medicina, e Hipócrates, esteja onde estiver, dirá: Ufa! Eles conseguiram, eles entenderam, valeu a pena o meu esforço! E finalmente descansará em paz!
Autor: Leocádio Celso Gonçalves
Fonte: http://www.mandras.com.br