A suave terapia das flores

Publicado em 24.03.1996 no Jornal Gazeta do Povo

Assistimos, a nível mundial, desde a década de 1980, uma espécie de invasão de uma terapia natural assentada no poder curativo das flores. São as chamadas Terapias Florais, pesquisadas e desenvolvidas a partir das décadas de 1920 e 1930 por um médico inglês chamado Edward Bach. Assim, os primeiros florais surgidos têm o nome de seu descobridor, são os “Florais de Bach”. Hoje, após um período de expansão que teve início na década de 1970, temos à nossa disposição outros Sistemas Florais, entre os quais um desenvolvido aqui em nossa terra, que é o Sistema Floral de Minas.

Mas afinal, no que consiste a Terapia Floral? É uma terapia com fundamentação científica, ou é algo carente desta base e sustentação? Está ligada ao misticismo, ao esoterismo, ou se trata de algum modismo? Seus efeitos dependem da crença, da fé, ou da sugestionabilidade de quem os toma? Ou, como qualquer antibiótico ou anti-inflamatório, seus efeitos independem do sistema de crenças individual?

Pois, contrariamente ao que muitos pensam, a Terapia Floral tem sido objeto de pesquisa e estudo científico em vários países do mundo, existindo já uma literatura sobre o assunto provando sua consolidação em uma base sólida que lhe permite estabelecer-se como um método de tratamento científico capaz de equipará-la com sofisticadas e modernas técnicas de tratamento. Falamos naturalmente, de uma equiparação a nível científico, pois em outro nível, como método de cura é algo já consagrado há décadas, pois se assim não o fosse não teria se disseminado rapidamente e com sucesso em tantas partes do mundo. Se assim não fosse, não teria tido seu efeito reconhecido, desde 1976, pela Organização Mundial de Saúde. A equiparação não científica, não oficial, ocorreu então, naturalmente, à margem e até mesmo à revelia dos doutos detentores oficiais do conhecimento.

Até há pouco tempo toda nossa parafernália tecnológica estava direcionada e preparada tão somente para detectar alterações em nossa anatomia e fisiologia físicas. Hoje, graças à engenhosidade de alguns pesquisadores, associada ao desenvolvimento recente na área da computação, nossas máquinas foram aperfeiçoadas e adaptadas para detectarem, quantificarem e qualificarem também alterações corporais a nível energético e sutil, alterações estas que ocorrem no campo da anatomia energética do ser humano. Assim, os mecanismos de cura das terapias energéticas, ou vibracionais, como também são chamadas, e uma das quais é a Terapia Floral, puderam ser pesquisados e validados cientificamente. A cura pela terapia floral pôde ser comprovada não apenas no campo da subjetividade e do empirismo, mas também na seara científica, objetiva, com parâmetros e valores medidos em frequência energética, valores estes estabelecidos após cuidadoso estudo estatístico de amostras de população.

Infelizmente, apesar de tais progressos, não são muitos os médicos que se dão ao trabalho de acompanhar estes desenvolvimentos, que ocorrem assim, numa via paralela de conhecimento que a maioria dos médicos ainda hesita em percorrer, modelados e influenciados em sua formação acadêmica tendenciosa, materialista, nas Universidades, também sofredora de influências de poderes econômicos fortíssimos ligados a grupos industriais que enriquecem cada vez mais por meio dos cada vez mais altos custos associados ao diagnóstico e tratamento. A via da pesquisa e tratamento médico dita alternativa é na verdade um atalho que encurta o caminho entre o diagnóstico e a cura, e esse encurtamento se dá às custas de um enfraquecimento, por assim dizer, dos dispendiosos métodos de diagnóstico e dos também caríssimos medicamentos colocados à disposição dos doentes para a sua cura.

Se estamos perseguindo uma meta que é, em seu ideal, a erradicação da doença e do sofrimento humano, não podemos fazer de uma forma que não interfira no “status quo” dominante, que é marcado, infelizmente, pelo enriquecimento desonesto daqueles grupos que vivem e orbitam ao redor da doença. Não podemos ser coniventes com uma indústria que faz da doença sua matéria prima. O raciocínio é simples, singelo mesmo: se a doença se transforma em matéria-prima, os industriais que a utilizam não têm interesse na sua extinção, podendo até, consciente ou inconscientemente, lutar pela sua preservação. Triste armadilha tecida pela ganância e miopia humanas, pois a doença, esta “matéria-prima”, não pode ser controlada, delimitada, restrita a grupos humanos ou a áreas geográficas. Ela atinge indistintamente, de uma forma ou outra, a todos nós, vivamos ou não dela, estejamos ou não compondo o corpo acionário da indústria que a explora. Porém, não há lugar no convívio humano pacífico e harmonioso, para posturas ou comportamentos radicais e de exclusão de nossos semelhantes, nem de seus erros, pois estes devem ser compreendidos e esta compreensão deve ser a luz que propicia sua correção e transmutação. O convite que fazemos é o de reflexão serena e pacífica, é um convite fraterno. Vejamos o que nos diz o próprio Dr. Bach a respeito:

“(...) Essas modalidades de tratamento (florais) produzindo harmonia entre a Alma e a mente, erradicarão a causa básica das doenças, e, a seguir, permitirão o uso dos meios físicos à medida que foram necessários para completar a cura do corpo”.

O descobridor dos Florais já nos falava da necessidade dos métodos físicos (entenda-se, medicina tradicional), para completar, na medida da necessidade, a cura do corpo. Seu espírito era, portanto, conciliativo e não exclusivo, os florais vieram para somar, não para excluir. Há portanto, espaço para todos, o que precisamos é aprender a compartilhá-lo.

Não devemos, portanto, ser contra todos os desenvolvimentos e progressos alcançados pela via tradicional do evoluir médico, caindo no mesmo erro. Os médicos, seus pacientes e a comunidade, e por extensão a humanidade, só teriam a ganhar se os conhecimentos alcançados pela via alternativa fossem por todos estudados e usados na prática clínica do dia a dia. Por que, poderíamos nos perguntar, devemos percorrer apenas um caminho, se a natureza, com sua imensa e inquestionável sabedoria nos dá, para alcançarmos a cura, a possibilidade de trilharmos outros caminhos?

Artigo escrito para publicação no Jornal Gazeta do Povo, onde foi publicado em 24.03.1996, no caderno Viver Bem. É livre para reprodução (tradução ou difusão) total ou parcial, desde que citadas a autoria e a fonte.


Autor: Leocádio Celso Gonçalves
Fonte: http://www.mandras.com.br

 

 

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